Carnaval da família vigiense
Começou como uma brincadeira, uma turma de amigos, passava
maisena ou araruta, na cara e saiam pelas ruas batendo lata e dançando. Isso
faz tempo, pois é! Bote décadas... Mas também faz décadas que existiu Rei Momo,
Rainha e Princesa do Carnaval da Vigia. Nos áureos carnavais dos anos 50,
quando os clubes promoviam os bailes de carnaval, tradição de outrora, com as
bandinhas tocando as machinhas carnavalescas: “Tanto riso, oh! quanta alegria”;
“Ó abre alas que eu quero passar”; “Mamãe eu quero, mamãe eu quero”; “Ei, você
aí! Me dá um dinheiro aí!”; “Você pensa que cachaça é água”, e muitas outras
que quase não ouvimos mais.
O carnaval vigiense passou a evoluir e ganhou fama de segundo
melhor carnaval de salão nos anos 70, só perdendo para Belém do Pará. Sempre
animado pelas bandinhas atraía os visitantes. À tarde, os blocos percorriam as
ruas, à noite, a partir das oito, da noite, começava o baile nos salões dos
clubes sociais. No decorrer da festa, a bandinha saía do clube para buscar os
foliões que componham o bloco. Cada clube tinha sua bandinha e seu bloco.
Luzeiro Esporte Clube, Uruitá Esporte Clube e Pedreira Futebol
Clube recebiam, em suas sedes sociais, os associados e simpatizantes, de
coração, nos bailes de carnaval. Os referidos clubes eram rivais, mas apenas
nas competições esportivas, porém, quando chegava o carnaval, os clubes, sempre,
combinavam os dias de festas. A cada dia era para um clube. Afinal era carnaval,
e não havia competição, e sim, diversão, alegria e muitas brincadeiras.
Com o passar do tempo, o carnaval sofreu muitas alterações,
como: Os grandes concursos de fantasias, concursos das escolas de samba,
abertura do carnaval, com a presença do Rei Momo, estes poucos se ouve falar.
Atualmente os blocos de micaretas tomaram maior espaço nas avenidas, com
relação, aos tradicionais blocos de sujos, agora ausentes nos carnavais. E as
musicas, estas se misturaram com outros ritmos e letras, é o carnaval do
século! Isso é muito relativo, pois muitas cidades matem o tradicional carnaval.
Todavia a folia momesca é fruto da alegria e disposição física de cada um.
Afinal cinco dias é coisa do passado. Em Vigia, depois do réveillon já é
carnaval. Prova disso é a “Cagada do pinto” que logo no primeiro dia do ano e
nas primeiras horas do dia puxa milhares de pessoas pelas ruas da histórica
Vigia de Nazaré.
Agora, a Vigia de Nazaré não para mais. Mesmo com incidentes
naturais e crise financeira ou política, a cidade lota nos seis dias de folia.
O comércio aquece, as pessoas trabalham “horas extras” e embolsam um
dinheirinho a mais. Seja da capital, do exterior ou de outros estados, o folião
busca a época para visitar a cidade, rever os parentes e tomar uma cervejinha
com os velhos amigos, sem falar na ânsia de saborear, uma gurijuba no caldo e
molho de pimenta no tucupi, unha de caranguejo, tacacá e o famoso bolinho de
gurijuba. É de matar a saudade e saciar a alma. Vale a pena gastar um
trocadinho a mais e viver na “Cidade que não dorme”, a época carnavalesca mais
gostosa do Pará, com alegria, segurança e muita paz.
Estamos entre os 144 municípios paraenses, e segundo os
historiadores, o nosso é o mais antigo, ou seja, “Aqui começou o Para”. Além de
termos o Círio mais antigo, também sustentamos o melhor e maior carnaval de rua.
É o religioso e o profano de mãos dadas, em prol do melhor à “Vigilenga de
heróis”. Pois uma coisa é certa, ambos são realizados com a ajuda e o respeito Da
Família Vigiense. Viva a liberdade!
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