Fazer justiça com as próprias
mãos, nunca foi a melhor maneira de solucionar problemas. Esta prática, tão
comum no Brasil, aconteceu na cidade de Vigia de Nazaré, nordeste paraense, no
dia 29 de setembro de 2014.
Na noite do dia 28 de setembro,
em São Caetano de Odivelas, um grupo de pessoas conseguiu pegar um dos assaltantes,
de uma quadrilha de quatro, desses “piratas”, que vinham atormentam a vida dos
pescadores, e consequentemente, de seus familiares. A polícia chegou a tempo de
evitar um lixamento pelos revoltosos, que trouxeram o indivíduo para a
delegacia de Vigia de Nazaré. Na manhã seguinte, por volta da 7:30hs, foram
pegos os outros três, dois por populares que os amararam e outro foi apreendido
em um ônibus na PA 140, segundo a polícia, ele só foi identificado por que
estava assustado e sujo de lama, todos foram encaminhados para a mesma
delegacia. Segundo a polícia, os quatros são acusados de assalto a mão armada
em embarcações e homicídios.
Na cidade, a notícia se espalhou
rapidamente, e em menos de 30 minutos, uma multidão concentrou-se em frente à
delegacia. A maioria estava revoltada com o descaso das autoridades, que não conseguem
solucionar este problema vem se alastrando há muito tempo no mar. A impunidade
vem resultando em perdas materiais e mortes de pessoas honesta e trabalhadoras.
Pois muitos desses bandidos são presos, porém, passados alguns meses, ou até
mesmo dias já estão nas ruas “livres” e voltam a praticar o mesmo crime, disse
um pescador revoltado com a situação.
A população inconformada pedia à
polícia que deixassem verem os supostos assaltantes, e logo, a polícia atendeu,
quando algumas pessoas, vítimas, entraram, e ao vê-los, reconheceram serem os “piratas”.
Um pescador vítima dos “piratas”, tem uma bala alojada nas costas, chegou até a
delegacia acompanhado do seu filho, veio ver se eram os mesmos que atacaram seu
barco e atiraram na tripulação, quando um dos tiros o atingiu, olhou através de
uma minúscula janela e reconheceu um deles, não resistiu e começou a chorar,
sendo socorridos por policias, pois passara mal.
Esta é a maior revolta da classe
de pescadores de Vigia, que resultou na destruição do prédio da Delegacia.
Porém, os 4 acusados “Ratos d’agua”, como são chamados, sob a frágil proteção
da Polícia Civil e Militar, encorajou, ainda mais, a invasão ao prédio. Uma vez
que, apenas, oito militares e quatro civis tentavam acalmar os manifestantes. E
por outro lado a integridade física dos acusados, que foram o principal alvo da
manifestação.
A “pirataria”, como se conhece os
assaltantes de embarcação pesqueira, é um problema que existe já alguns anos nas
proximidades de Vigia de Nazaré, assim como em outras localidades, onde a
pescaria é a principal fonte de renda de milhares de famílias.
Pescadores e donos de barcos já
se foram por ocasião dos assaltos, principalmente quando os meliantes adentram
nas embarcações armador com escopetas e/ou armas de fogo, alguns já atirando e
matando pessoas trabalhadoras que buscam o “pão de cada dia” em alto mar.
Logo que estes foram reconhecidos
por algumas vítimas, a população tentou invadir a delegacia para “linchá-los”,
pois os populares sabiam que a polícia iria transferi-los para outra unidade,
em qualquer lugar do Estado, então os revoltosos colocaram em frente ao portão da
garagem da delegacia, uma carcaça de um veículo, que se encontrava há meses do
lado de fora, pelo motivo que em seu interior (garagem) não cabia mais nada, pois
havia muitos carros e motos. A intensão foi obstruir a entrada e saída da
referida garage, mas, não se contendo, jogam pneus e gasolina atearam fogo.
O clima esquentou, literalmente,
a multidão tentava invadir a delegacia, os policiais atiravam para cima, a fim
de intimidar os manifestantes, pedras voavam em direção ao prédio Público,
quebrando janelas, telhas e vidros, um policial foi atingido por uma pedrada na
cabeça, jogaram gasolina em frente à delegacia e depois tocaram fogo, enquanto
isso, outro grupo agia pela lateral do prédio, na direção da cela que guardava
os detentos. A polícia atirou por várias vezes para cima, a fim de conter a
fúria dos populares.
Policias e o Delegado enquanto aguardavam
a chegada do reforço solicitado, pediam para os revoltosos que se acalmassem e
deixassem a polícia fazer seu trabalho. Mas isso não foi possível, pedras e
mais pedras voavam, a polícia recuou, mais manteve a guarda do seu território
reagindo com tiros.
Chegando algum reforço, os quatro
presos foram imediatamente colocados em uma das viaturas e saíram em disparada,
tiros de um lado, Pedras do outro, se confrontavam. Era a vontade de um povo,
reivindicando seus direitos e, a da Polícia cumprindo o dever de proteger o ser
humano, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Os acusados foram transferidos de
helicóptero para a Superintendência Regional do Salgado, em Castanhal. A invasão
à delegacia começou, depois da retirada dos bandidos, quebraram portas, janela,
derrubaram caixa d’água e paredes, e logo começaram a saquear os objetos que estavam
dentro do prédio, como: bicicletas, 100 quilos de maconha e mais de um quilo de
cocaína, além de cinco motos, armas de fogo, computadores, panelas, impressoras,
cadeiras, mesas, botijão de gás, entre outros. Depois atearam fogo nos veículos
apreendidos, e em uma viatura, danificaram também o carro do delegado. Depois
atearam fogo no prédio.
O acontecimento inédito no
Município de Vigia de Nazaré foi repercutido no Estado do Pará e Brasil,
através da imprensa local e nacional. A população ficou em pânico, a cidade
parecia ter mudado sua rotina em segundos, lojas foram fechadas por prevenir supostos
assaltos, o Banco do Brasil teve uma das portas de vidro quebrada. De longe se
via uma nuvem de fumaça negra, bem em cima da delegacia, que ficou totalmente destruída
em poucos minutos.
Após todo este terror, uma grande
tropa da Policia Militar, adentrou na cidade, porém usando tática e muitos cálculos,
concentraram-se na entrada da cidade, mais precisamente, em frente ao Quartel
da PM. A estratégia era não avançar até o local da destruição, para evitar
graves conflitos, buscando e preservando a segurança da população. Porém agora,
o objetivo era capturar os envolvidos no crime contra o Patrimônio Público e objetos
roubados, já que o prédio da delegacia já tinha sido destruído e saqueado por
completo.
Daí subgrupos da Polícia,
começaram a agir pela periferia, local onde, possivelmente estaria os alvos da
polícia. Fechado o cerco, militares começaram a prender várias pessoas que
estavam envolvidas, eram homens e mulheres, mais de trinta, todos forram
detidos. Com esta operação, foram resgatados motos, bicicletas, computadores,
armas e até uma pasta do delegado. Após seis meses, ainda não se ouviu nada a
respeito. Graças a Deus!
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